quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Uma grande mestra da vida

Fonte:http://www.revistadehistoria.com.br/

A historiadora e cientista política Kátia Mattoso morreu aos 78 anos em Paris. A professora era uma das maiores especialistas na História da escravidão brasileira
Ronaldo Pelli
Morreu em Paris, na terça-feira (11), a historiadora e cientista política Kátia Mattoso, aos 78 anos. Mesmo sendo grega de nascimento, a professora era uma das maiores especialistas na História da escravidão brasileira e do estado da Bahia. Mattoso era ainda doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia e professora emérita aposentada da Universidade de Paris V – Sorbonne, além de autora de livros como “Ser escravo no Brasil” (Brasiliense, 1982) e “Bahia, século XIX – uma província no império” (Nova Fronteira, 1992).

Muito emocionado, o historiador Luis Henrique Dias Tavares, amigo de Kátia, fez questão de avisar, antes de dar qualquer outra informação, que haverá uma missa em homenagem à professora na Igreja de São Bento, na segunda-feira (17), às 8h.

“A nossa agora saudosa amiga era uma historiadora mestra”, disse, antes de explicar a característica de Mattoso: “Ela ensinou história amarrada, costurada na pesquisa, nos arquivos. Todos os seus alunos foram, muito especialmente, os que passaram pelo mestrado, ou que foram até o doutorado, foram incentivados a ir aos arquivos. Ela conheceu profundamente o Arquivo Público do estado da Bahia, a Biblioteca Nacional do Rio, a de Paris, além de outros lugares. Foi uma grande mestra, uma grande mestra da vida.”

De acordo com Dias Tavares, Mattoso foi professora da UFBA por tempo curto e a primeira historiadora e professora que colocou a cátedra sobre o Brasil na Universidade de Sorbonne.

“Conversei com ela por telefone, depois da primeira cirurgia”, disse o professor, informando que a amiga morreu de câncer generalizado. “Depois, ela foi internada e piorou. É muito triste.”

Segundo a UFBA, o enterro será na Grécia. O site do jornal “A Tarde” reproduziu uma nota do governador da Bahia, Jaques Wagner, sobre Mattoso: “Foi com pesar que tomamos conhecimento da morte de Kátia Mattoso. Dona de uma percepção privilegiada do processo histórico, vinculando habilmente o regional e o conjuntural, a historiadora soube, como poucos, investigar e compreender as origens da Bahia que somos hoje. Seu legado será duradouro”.

A “Folha de S. Paulo” publicou um obituário sobre a professora Kátia de Queirós Mattoso, lembrando a volumosa tese que se transformou no livro “Bahia, século XIX...” ficou conhecida pelos seus alunos como Mattosão. Ela comandou a cadeira de história em Sorbonne até 1999, quando se aposentou, mas sempre se manteve ligada à UFBA. Ano passado, doou toda a sua biblioteca para a universidade.

Ainda de acordo com a “Folha”, ela deixa duas filhas – uma que mora na Grécia, outra na Bahia –, sete netos e um bisneto, nascido há poucos dias.

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